Cultura
Exposição de fotografias traz olhar de artistas negros da Bahia
Cultura
Um olhar múltiplo para os povos negros baianos é a proposta da mostra em cartaz na Caixa Cultural Brasília, que está celebrando 45 anos. “Olhar Negro, Negro Olhar – Antologia da Fotografia Negra da Bahia” reúne registros de 23 fotógrafos negros e brancos, que, com suas obras, contribuíram para a história desses povos no estado, onde 80% da população se declara preta ou parda. São artistas como Pierre Verger, que abre e encerra a exposição; Miguel Rio Branco, Mário Cravo e Adenor Gondim. Bené Fonteles, curador da mostra, fala sobre como surgiu esta ideia.

“A ideia da exposição foi uma ideia em comum com Marcelo Reis, que é organizador e também idealizador da mostra. Então esse olhar negro, negro olhar, que é a visão dos brancos né civilizados, fotógrafos artistas que tem da negritude da Bahia, desse aspecto cultural que tem muito a ver logicamente com a coisa afro-brasileira e também indígena também, e o olhar do próprio negro sobre si mesmo né”.
Segundo o curador, os artistas brancos que participam da mostra fizeram seus registros com respeito e reverência aos povos negros que formaram a identidade cultural da Bahia. E traduziram em arte o jeito baiano.
“Essa baianidade tem a ver com tudo. Jorge Amado tem baianidade, Dorival Caymmi, Caetano, Gil, Gal, Bethânia, Caribé e Verger, que são duas figuras que vieram de fora. Um da Argentina, que é o Caribé, o Pierre Verger, que veio da França. Mas que assimilaram essa coisa de uma cultura muito de raiz né”.
Marcelo Reis, autor do livro que dá nome à exposição, explica como foi feita essa combinação entre obras de artistas negros e brancos.
“A ideia de trazer para a exposição os fotógrafos negros e os fotógrafos não negros foi baseado do ponto de vista da representatividade desses fotógrafos a partir de seu próprio marco histórico. Aí você começa isso com Valter Fraga, ali na década de 30, em seguida você vem com Pierre Verger, Arlete Soares, e tantos outros”.
A mostra Olhar Negro, Negro Olhar pode ser vista na Caixa Cultural Brasília até o dia dois de novembro. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.
Cultura
1ª negra imortal: escritora Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL
A atualidade da obra de Ana Maria Gonçalves, que aborda temas históricos e raciais em seus livros, foi destacada nesta sexta-feira (7) durante a posse da escritora na Academia Brasileira de Letras. Ela é a primeira autora negra eleita como imortal na instituição, e ocupará a cadeira de número 33, antes do gramático Evanildo Bechara.

Ana Maria Gonçalves é reconhecida especialmente pelo livro Um Defeito de Cor. A obra narra, em 952 páginas, a história de Kehinde, uma mulher africana que atravessa o século 19 buscando reencontrar o filho. Além de escritora, Ana Maria Gonçalves é roteirista, dramaturga e professora. A nova acadêmica reforçou o significado de sua presença para a renovação da ABL.
“Cá sou eu hoje, 128 anos depois de sua fundação, como a primeira escritora negra eleita para a Academia Brasileira de Letras, falando pretoguês e escrevendo a partir de noções de oralitura e escrevivência. E assumo para mim como uma uma das missões: promover a diversidade nessa casa e fazer avançar as coisas nas quais nela eu sempre critiquei, como a falta de diversidade na composição de seus membros, uma abertura maior para o público e o maior empenho na divulgação e na promoção da literatura brasileira.”
O discurso de abertura da cerimônia foi feito pela imortal Lilia Schwarcz. A historiadora e antropóloga destacou a posse e a obra de Ana Maria no contexto de violência contra as pessoas negras.
“Nunca o livro de Ana foi tão atual como nos dias de hoje com as chacinas nos complexos do Alemão e da Penha. Kehinde é uma mãe que viu um filho morrer e outro desaparecer. Simbolicamente, ela é mais uma das muitas mães brasileiras enlutadas que seguem lutando.”
A escritora Conceição Evaristo também enfatizou a importância da luta racial, especialmente na literatura.
“Eu acho que mais uma vez a história brasileira bem manchada de sangue, né? E o que que a literatura pode fazer nisso? Quer dizer, olhando, é, na primeira mão, na hora do desespero, a literatura não pode fazer nada. Depois quando você pensa, eu acho que a literatura é o lugar mesmo de você, é, tentar resolver essa realidade, né? Imaginar uma outra realidade, imaginar uma outra um um outro destino para o Brasil, né?”
Já a escritora Eliana Alves Cruz falou sobre a relevância do momento e a aproximação da academia com a população.
“É um momento mágico, né? É um momento esperado, aguardado. E um tanto atrasado, né? Eu acho, porque muita gente esperou para ter alguém aqui. Eu espero que seja o começo de uma renovação para a ABL, de uma aproximação com o povo.”
O evento foi marcado pela presença de escritores e artistas, além de representantes da cultura negra brasileira.
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